Após demolições, Salvador chega ao sexto verão sem barracas na orla

por admin | 15 de janeiro de 2017 |

 

Na praia de Stella Maris, uma das mais frequentadas de Salvador, estruturas de concreto e metal e quiosques inacabados jazem a poucos metros da praia.
Enquanto isso, na faixa de areia, tendas de vendedores ambulantes improvisadas são a única opção de alimentos e bebidas para os banhistas.
Seis anos após a demolição das mais de 300 barracas de praia, por determinação da Justiça Federal, a orla de Salvador chega a mais um verão sem uma solução definitiva para atender aos banhistas.
A demolição ocorreu sob alegação de ocupação indevida de área federal e danos ambientais. A solução foi construir quiosques na área do calçadão, nos moldes de outras cidades, como o Rio.
Em junho de 2014, a prefeitura licitou a instalação de 120 quiosques nas áreas de calçada da orla marítima.
Dois anos e meio após a licitação, só 30% das estruturas estão prontas. A expectativa da prefeitura é chegar ao final deste mês com 34 quiosques abertos em cinco praias.
O cronograma para instalação dos outros 86 quiosques, no entanto, ainda não está definido. “Há lugares em que não há espaço físico para instalação dos quiosques e vamos ter que adaptar para estruturas menores”, disse Érico Mendonça, que era secretário de Turismo de Salvador até o fim do ano passado.

São três tipos de quiosques (com 30, 50 e 100 metros quadrados) destinados a serem bares, restaurantes, barracas de coco e tabuleiros de acarajé. Cabe às concessionárias a escolha das empresas que vão explorar os quiosques.
Os empresários que já estão com quiosques em funcionamento, porém, reclamam das exigências contratuais e da concorrência dos ambulantes.
Dono de barracas na praia de Piatã por mais de 30 anos, Gilson Lobo, 67, cuida do Quiosque Dona Flor desde o início desde ano. Ele diz que o valor do aluguel, taxas e multas cobradas pela concessionária tornaram o novo negócio pouco rentável.
Para Gilson, o predomínio dos ambulantes deu um aspecto de “favelização” à orla de Salvador, afastando os turistas. “Quando tinha barraca de praia, chegavam ônibus cheios de turistas na praia de Piatã. Hoje, a gente não vê mais isso, o turista vai para praias fora de Salvador”, diz.
O impasse com as barracas atingiu também outros municípios do Estado.
Em Porto Seguro, uma decisão judicial chegou a determinar a demolição de grandes quiosques como o Axé Moi. Mas, após uma liminar, representantes destes locais negociam com a prefeitura e União com intermediação do Ministério Público Federal. 

Fonte: Folha de S. Paulo